Os contos de fada, histórias transmitidas pela
tradição oral, passadas de geração em geração e alteradas ao longo do tempo,
contêm diversas representações e simbologismos dos processos psíquicos, e por
isso nos fornecem as melhores pistas para compreender os processos que ocorrem
na psique coletiva.
Ao contrário do que se pensava, hoje já sabemos
que os contos de fada são mais antigos do que os mitos, possuindo origem
pré-histórica (para ler mais sobre isso, clique aqui). Marie Louise Von-Franz,
discípula de C. G. Jung, fundador da Psicologia Analítica, estudou
profundamente este artifício, que hoje também é utilizado como poderoso recurso
terapêutico.
Contos de fada contam histórias de pessoas, ou,
quando não, de personagens que representam pessoas (animais ou objetos
personificados), e por isso acabam retratando relações e situações que fazem
parte das nossas vidas.
Por sua importância na formação da personalidade, os contos vêm sendo
utilizados na educação de crianças desde a Antiguidade. Porém, não é apenas às
crianças que os contos de fada podem auxiliar. Muitas intervenções terapêuticas
utilizando contos têm sido feitas também com adultos, em sessões individuais ou
em grupo. Os contos, assim como a literatura de forma geral, nos auxiliam a
entrar em contato com a vivência daqueles determinados personagens, e os
sentimentos e comportamentos experimentados por eles, com os quais eu posso, ou
não, me identificar. A partir daí, se eu me der a chance, posso trazer esses
elementos à minha consciência reflexiva, o que consequentemente gera elaboração
e ressignificação de conteúdos nem sempre trabalhados.
É importante salientar que essa catarse, passível
de ser gerada por um conto de fadas – bem como por quaisquer outros tipos de
literatura –, não é uma vivência exclusiva ao setting terapêutico. Qualquer contato com um conto pode ativar a
consciência reflexiva, e ser terreno fértil para germinar awareness, se você se permitir enxergar o potencial de transformação
que ele pode trazer.
Comentários
Postar um comentário