Esses dias eu estava andando na rua e cruzei com uma mulher que
estava falando ao telefone. O pouco que ouvi da conversa dela me chamou a
atenção, e foi mais ou menos assim:
- Amiga, eu não entendi porque ele sumiu. Ele estava muito entregue
desde o início, até mais do que eu...
Assumi que ela estava falando sobre alguém com quem começou a se
relacionar, provavelmente há pouco tempo, e que havia sumido. Pode ser que eu
esteja errada, e ela estava se referindo a outra coisa. Mas, vamos supor que
ela estivesse de fato falando de um relacionamento romântico, pois é disso que
este texto vai tratar.
Esse diálogo entreouvido me levou imediatamente a uma reflexão sobre
as crenças que as pessoas têm sobre inícios de relacionamentos. Não é raro,
quando você acabou de conhecer e está começando a se relacionar com alguém,
ouvir de amigos o seguinte conselho: “não ligue, deixe que ele/ela te procure”.
Junto a isso, existe uma convicção de que no início é melhor não demonstrar
seus sentimentos tão explicitamente, pois o outro pode se assustar; ou seja,
mesmo que esteja gostando da pessoa, e suficientemente interessado(a) a ponto
de cogitar um relacionamento sério, existe uma espécie de “regra” social
dizendo que é melhor não deixar isso transparecer.
Isso ocorre porque a forma de iniciar relacionamentos no mundo
ocidental moderno se baseia na crença de que o cônjuge que está menos envolvido
emocionalmente é o que está no controle da relação. Então, agora sim, chegamos
ao real tema deste texto: controle.
Temos extrema dificuldade em abrir mão do controle. Tentamos
controlar tudo, inclusive aquilo que não está nas nossas mãos e/ou não cabe a
nós. E você pensa que, se abrir mão do controle uma vez, talvez nunca mais
consiga recuperá-lo. E assim seguimos, por meio dessa crença, construindo relacionamentos
baseados em fingimentos, em esconder nossos sentimentos e em não sermos nós
mesmos.
O problema é que, às vezes,
por experiências passadas ruins, e por já estarmos calejados, acabamos tendo
medo de nos envolver. Mas, ao mesmo tempo, não consigo deixar de fazer a
seguinte pergunta: “por que investir em um relacionamento amoroso no qual você
não se sente envolvido(a)?” Por que fazemos tanta questão de nos mostrar – ou até mesmo estar - menos envolvidos(as) que o outro? Pode até ser
para evitar um sofrimento (que você nem sabe se vai acontecer), mas a que
custo? O custo de passar a vida toda evitando sentir.
Abrir mão do controle pode ser uma experiência indescritível. Deixar-se
levar por seus sentimentos – não de
um jeito irracional, mas de um jeito integrador – e ser fiel a si mesmo sempre vai te levar a lugares e encontros verdadeiros.
Experimente! ;)
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