Creio que esta seja uma pergunta
que nunca fica ultrapassada. Eu mesma me recordo, quando estava no Ensino
Médio, antes de decidir cursar Psicologia, de ter me perguntado isso algumas
vezes. “Pra quê procurar um psicólogo se posso compartilhar minhas angústias
com meus amigos?” E mesmo hoje, quase 10 anos depois, tenho visto muitas
pessoas fazendo esta pergunta. Então, vamos conversar um pouco sobre o que é a
psicoterapia e quais as principais diferenças entre ir ao(à) psicólogo(a) e conversar com um amigo.
Primeiramente, a principal e mais
óbvia diferença, mas da qual não podemos nos esquecer, é que o psicólogo
estudou no mínimo 5 anos para aprender a fazer o seu trabalho. Isto significa
que estamos falando de profissionais que possuem uma orientação teórica, desenvolvida por estudiosos mundialmente
conhecidos, e constantemente aperfeiçoada por pesquisadores até os dias de
hoje. Existem várias orientações teóricas - ou abordagens psicológicas - sendo
que as mais conhecidas são a Psicanálise e a Psicologia Comportamental. Porém, existem
também a Gestalt-terapia, a psicologia fenomenológico-existencial, a Abordagem
Centrada na Pessoa, a Psicologia Analítica, a Psicoterapia Sistêmica, a Terapia
Cognitivo-Comportamental (ou TCC), o psicodrama e inúmeras outras. Felizmente, o
campo para as demais abordagens vem crescendo no Brasil, e é possível encontrar
cada vez mais pessoas que tenham tido acesso a essas outras abordagens, que
eram, até então, menos difundidas. Se
você quer saber mais sobre as abordagens psicológicas, clique aqui.
Além da formação em Psicologia,
que permite ao profissional acompanhar o cliente (ou paciente) por meio da
escuta terapêutica e de apontamentos pertinentes, é importante enfatizar que o
psicólogo possui neutralidade. E
antes que você me pergunte, não estou falando daquela neutralidade em que você
fala, fala, fala, e o psicólogo fica ali, em silêncio, olhando pra você com cara
de paisagem. A palavra “neutralidade”, aqui, deve ser usada com várias aspas,
uma vez que ninguém é neutro, ninguém é imparcial. Todo mundo tem uma opinião. Portanto,
digo “neutralidade” no sentido de que o psicólogo não vai simplesmente tomar
suas dores, como um amigo faria, quando você conta a ele sobre um conflito com
uma outra pessoa, por exemplo. O que não quer dizer que ele não possa
compreendê-las e acolhê-las da forma mais humana possível, já que, antes de
qualquer coisa, o psicólogo é uma pessoa, que sofre assim como você, fica triste,
angustiado, desiludido, estressado, de mau humor, etc. Só que além disso, ele
pode te apontar um ponto de vista que você não conseguia enxergar sozinho, ou
propor uma mudança de perspectiva, ampliando possibilidades que dizem respeito
à outra pessoa também.
Continuando, quero também falar
sobre qual é o papel do psicólogo na psicoterapia. Antes de qualquer coisa, ele
não está ali para te dar uma receita e nem resolver todos os seus problemas
para você. Quem vai realizar as mudanças é a própria pessoa, já que a vida é
dela e só ela pode saber realmente como se sente em determinada situação. Por
isso é muito importante que a pessoa se implique no seu processo e assuma responsabilidade. O psicólogo está ali
para auxiliá-la e caminhar junto com ela, elucidando possibilidades e
realizando intervenções que possuem o intuito de levar à reflexão.
E por último, mas não menos
importante, o trabalho do psicólogo não termina quando acaba o tempo da sessão.
Ele gasta muito tempo da semana estudando e refletindo sobre o atendimento de
cada cliente, até que se encontrem novamente na próxima sessão, buscando fazer
seu trabalho da melhor forma possível. Também para o cliente, o processo psicoterapêutico
não se resume aos 50 minutos semanais. Refletir sobre a sua vida, seus atos,
sentimentos e pensamentos tem que ser um exercício constante!
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