Todos
nós já experimentamos, em algum momento, um dilema interno. Alguns dos mais
comuns são: razão X emoção, querer X dever, eu X o outro, quem eu sou X quem eu
queria ser. Além disso, existem também aqueles conflitos gerados por
características internas opostas que possuímos, mas que não acreditamos poderem
coexistir, em função de suas naturezas contraditórias. Por exemplo, posso
possuir a característica do altruísmo, mas também a sua polaridade, o egoísmo. Nessas situações, é como se sentíssemos que
nossas forças internas estão agindo em sentidos opostos.
Normalmente,
tendemos a pensar que temos que escolher entre um e outro. O clássico conflito
razão X emoção é um excelente exemplo que pode surgir em momentos de decisão, e
que geralmente acaba nos levando a uma interminável disputa interna. O mesmo
acontece com a nossa realidade interior, uma vez que possuímos tanto
características aceitáveis quanto inaceitáveis, de acordo com a norma
socialmente difundida e, nesses casos, acabamos optando por aquelas que
correspondem mais às expectativas externas. Assim, prefiro pensar que sou
altruísta em vez de egoísta. Isso me leva a desconsiderar todos os pensamentos
egoístas que possam surgir dentro de mim. Porém, apesar disso, eles ainda
continuam lá, continuam a fazer parte de mim, e essa contradição será geradora
de um grande conflito interno.
Esse
é o cerne da nossa questão: minhas polaridades não deixarão de existir apenas
porque eu escolho ignorá-las. Dito isto, o que seria, então, o melhor a se
fazer? A resposta é simples, apesar de nada fácil de realizar: aceitá-las.
Quanto mais eu me dou conta (awareness) das minhas polaridades, inclusive os sentimentos que
a sociedade condena, mais posso integrá-las e aceitar a mim mesma. A
Gestalt-terapia é uma das abordagens psicológicas que promove a integração das
polaridades. Se desejar ler mais sobre a Gestalt-terapia, clique aqui.
O
processo de aceitar a si mesmo, quando realizado de forma integral, pode ser
libertador. O que anteriormente era uma dualidade passa a ser uma totalidade:
eu não sou razão X emoção, sou razão E emoção, e esses dois aspectos de mim
mesma estão presentes o tempo todo, de modo que posso me movimentar entre eles
de uma maneira fluida, se assim eu escolher. Dessa forma, a disputa interna
deixa de existir, para que eu possa abraçar e acolher tudo aquilo que sou. Existe
uma frase de Carl Rogers, fundador da Abordagem Centrada na Pessoa, que
descreve bem este processo: “Curioso Paradoxo: Quando me aceito como sou, posso
então mudar”.
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