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Bullying e Suicídio: existe relação entre os dois?

"E quais são as expressões mais comuns da agressão? Humilhação, apelidos depreciativos, jogos de poder dos “chefes” e dos “populares” da turma que submetem os colegas, intimidando-os para que obedeçam a seus comandos sob pena de exclusão do grupo, ameaças de agressão física ou constrangimento moral, mensagens difamatórias ou ofensivas. São ataques maciços à autoestima que, em muitos casos, estimulam na vítima sentimentos de rejeição, dificuldades de inserção no grupo, medo de ir à escola, crises de angústia, estados depressivos e, em casos mais graves, tentativas de suicídio."

Bullying ​e cyberbullying – o que fazemos com o que fazem conosco de Maria Tereza Maldonado. Disponível aqui.



A Campanha Setembro Amarelo nos incentiva a falar responsavelmente sobre o suicídio, certo? Então, consideramos ser importante trazer este tema a discussão: será que o bullying pode levar ao suicídio?

Por que estamos sugerindo uma possível associação entre bullying e suicídio?

O bullying é uma relação de violência, na qual temos uma interação entre algoz e vítima. Existem várias formas de expressão do bullying, mas todas merecem atenção.
Talvez você se lembre da história de Amanda Todd. Ela foi vítima de cyberbullying. E ao contar sua história, as agressões, intimidações e hostilizações parecem ser causa primeira de uma série de problemas que levaram ao intenso sofrimento de Amanda. Antes de cometer o suicídio, Amanda fez um vídeo contando sua história. Você pode assisti-lo a seguir (o vídeo leva a emoções intensas):


E mais recentemente, ocorreu outro caso de suicídio na adolescência, que chamou de novo nossa atenção para o bullying. Daniel Fitzpatrick tinha 13 anos quando cometeu suicídio. Ele era vítima de bullying na escola. Recorria a ajuda de professores e profissionais, mas não fizeram nada para ajudá-lo. Ele deixou uma carta relatando o bullying sofrido.

Isso é evidência sólida da relação bullying e suicídio?

O bullying não é desencadeador exclusivo das ideações suicidas que podem levar ao ato de tirar a própria vida. O bullying tem forte tendência a levar a vítima a sofrer de ansiedade, quadros depressivos ou até crises de pânico. Estes quadros de saúde mental, na verdade, é que têm como sintoma ideações suicidas.
Paralelamente, os episódios constantes de bullying agravam ainda mais a saúde mental da vítima. Não devemos considerar o bullying ou o quadro de saúde mental isoladamente, devemos considerar os dois como uma relação indissociável – e de fato são.
Portanto, o bullying agrava a saúde mental, e a saúde mental prejudicada deixa a vítima de bullying ainda mais desolada. É o conjunto que imputa ideações suicidas aos jovens.
Existem estudos que pesquisam a relação entre bullying e suicídio, e diversos deles constatam que a saúde mental toma parte no processo. Você pode ver alguns deles neste artigo aqui.


Risco de suicídio também em repercussões tardias do bullying

Um estudo de pesquisadores da Kings College mostrou que crianças vítimas de assédio e intimidações entre os 7 e 11 anos de idade sofreram traumas mesmo depois dos 40 anos de idade. O impacto do bullying foi imenso: os adultos vítimas na infância eram mais propensos a desenvolver depressão, transtornos de ansiedade e pensamentos suicidas.
Esta é mais uma evidência da associação entre bullying e suicídio – mesmo após terminada a juventude.

Mais um alerta para o bullying

O risco de suicídio é mais um alerta para prestarmos atenção ao bullying.
Não podemos descartar que as manifestações deste tipo de violência devem ser minimizadas. Isso só será possível com a educação de pais e profissionais sobre o tema. Caso você tenha interesse em saber mais sobre o Bullying e como lidar com ele, curta nossa página no Facebook, pois em breve teremos conteúdos de grande valia sobre o tema. Você irá aprender como identificar e intervir nos casos de bullying.


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