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Vamos começar esse texto quebrando um grande tabu? Você é daqueles
que acredita que não se pode falar sobre suicídio, pois pode acabar colocando
ideias na cabeça de uma pessoa que se encontra em situação vulnerável? Ou você
acredita que a pessoa que toma a decisão
de tirar sua vida já está determinada, e nada pode ser feito a respeito? Se
você respondeu sim para as perguntas acima, então este texto poderá lhe ser
muito útil. Vamos aqui desconstruir alguns mitos sobre suicídio, e tentar
alertar as pessoas sobre a importância de se falar sobre isso.
Primeiramente, é preciso dizer que a Organização Mundial da Saúde
(OMS) considera o suicídio uma questão de saúde pública, devido à frequência com
que ocorre no Brasil e no mundo. O número de suicídios que acontecem no mundo
chega a ser maior do que o número de homicídios, o que nos faz questionar o
porquê de as mídias darem tanta repercussão aos óbitos por homicídio, e falarem
tão pouco de suicídio.
Além disso, se suicídios são tão recorrentes, por que não aparecem na
lista de prioridades da maioria dos governantes? Que este tema é um tabu, já
está mais do que claro. Existe muito receio em discutir o problema do suicídio.
No entanto, falar sobre suicídio é justamente a forma mais eficaz de preveni-lo.
Uma pesquisa realizada pela OMS evidencia a relação existente entre
suicídios e transtornos mentais: 90% dos casos de suicídio estão relacionados a
patologias mentais – principalmente a
depressão – diagnosticáveis e
tratáveis. Isso nos leva à importante conclusão de que, na grande maioria dos casos, os suicídios são preveníveis. Os
argumentos do tipo: “ah, mas se a pessoa chegou a esse ponto é porque não tinha
jeito mesmo” podem ser facilmente refutáveis quando consideramos a
possibilidade de esta pessoa estar acometida por uma depressão, uma vez que
pessoas com esse transtorno não conseguem ter uma visão clara sobre seus
problemas e possíveis saídas para eles.
Outro mito muito comum é o de que a pessoa que quer se suicidar não
dá sinais, pois as que fazem isso são as que querem apenas chamar atenção. Essa
crença é bastante problemática, pois acaba legitimando a atitude de não prestar
atenção nos sinais que alguém próximo pode estar dando. E essa convicção, somada ao “silêncio em
torno do assunto, alimenta um estado de passividade, quando o momento deveria
ser de ação” (Trigueiro, 2015), de fazer algo por aquela pessoa.
Os sinais podem ocorrer de várias formas: verbais ou comportamentais,
direta ou indiretamente, e devem ser entendidos como um pedido de ajuda. Além
disso, precisam ser analisados dentro de um contexto, e se ocorrem de forma
associada entre si. E, o mais importante: na dúvida, pergunte! Perguntar a uma
pessoa se ela está pensando em tirar sua vida não vai dar a ela uma ideia em que
ela não havia pensado antes, ou encorajá-la. Pelo contrário, vai mostrar a sua abertura e
disponibilidade para conversar sobre isso, desde que colocado de forma delicada e
cuidadosa, obviamente.
O suicídio é, invariavelmente, multifatorial. O que significa que não
se pode associar a sua causa unicamente ao evento que o desencadeou. Esse dado é
importante para pensarmos que existem vários momentos e oportunidades em que é
possível intervir. Além de oferecer uma escuta, é necessário também orientar a
pessoa a respeito das instituições onde é possível obter ajuda, como o CVV e o CAPS - Centro de Atenção Psicossocial (em caso de emergência).
Nosso objetivo aqui é mostrar justamente como muitos casos de
suicídio podem ser evitados se esse assunto for abordado de forma menos
preconceituosa e catedrática. O que precisamos é de um incentivo ao diálogo e à
abertura para se falar sobre o tema. Muitas vezes, a pessoa que sofre de depressão
e tem pensamentos suicidas nem sabe que é possível tratar esse transtorno e
vislumbrar outras possibilidades. Se estiver em condições, sempre ofereça
ajuda!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Trigueiro, André. Viver é a melhor opção. São Bernardo do Campo, SP: Correio Fraterno, 2015.
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