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Da série Para Mães e Pais que temos
no blog, falaremos hoje sobre algumas formas de ensinar responsabilidade para
crianças.
A responsabilidade é fundamental para
o amadurecimento. A criança que aprende a ser responsável, tem maiores
condições de ser feliz, ter sucesso profissional e se sentir realizada no
futuro.
Mas antes de partirmos para as dicas, é preciso
fazer uma importante consideração.
Não existe regra universal para
educar e criar crianças. Ou seja, não existe e nunca existirá um manual de
educação com receitas prontas para educar crianças.
O que existe, e a psicologia estuda, são fatores essenciais para o desenvolvimento infantil – que continua na
adolescência, maturidade e velhice.
Isso quer dizer que existem diversos horizontes de
possibilidades de educação válidos para o crescimento saudável e seguro. Dependendo da criança, uma possibilidade pode ser melhor que a outra.
Portanto, as dicas nesse texto não
devem ser entendidas como regras rígidas. Devem ser entendidas como eixos de
orientação e reflexão para mães e pais educarem seus filhos da melhor forma
possível!
Continue a leitura para descobrir
como ensinar responsabilidade às crianças.
1 – Respeitar o tempo da criança
Todo mundo tem o seu próprio tempo. Com as crianças não é diferente.
Quando respeitamos o tempo da criança
sentir, pensar e executar, damos a oportunidade dela experimentar as coisas da
vida de seu próprio modo.
Se você perder a paciência com a
lentidão de uma criança, por exemplo, e não permitir que ela termine a tarefa
por si mesma, a privará daquele ótimo sentimento de realização, que é essencial
para desenvolver responsabilidade.
E também não estará dando a oportunidade para ela aprender com o que está fazendo. E também não a estará ajudando a saber como pode fazer de forma mais rápida e prática da próxima vez.
Veja bem que isso não significa que
você não pode ajudar e dar suporte a criança. Você pode e deve dar apoio à
criança nas novas descobertas. Mas também deve permitir que execute tarefas no tempo
dela.
2 – Conversar sobre intimidade e privacidade com a criança
Todos nós temos direito à intimidade
e privacidade. E temos o dever de respeitar a intimidade e privacidade dos
outros. Ter momentos privativos é necessário para o desenvolvimento psicológico
saudável.
Eventualmente a criança vai se
deparar com os limites da intimidade. Portanto, é melhor que ela seja
orientada e educada sobre isso, do que explorar este delicado desconhecido sozinha.
É importante que ela
aprenda a ser cuidadosa e responsável com sua intimidade – seja com a
intimidade corporal ou intimidade social.
Ser responsável com a intimidade,
também significa respeitar a intimidade dos outros. No momento em que a criança
aprende a cuidar da sua, entende melhor sobre como respeitar a dos outros.
3 – Permitir que a criança se arrisque
Arriscar é aprender com a própria experiência.
Claro que não estamos falando de
situações que coloquem em risco a integridade física ou mental da criança.
Estamos nos referimos a pequenas situações.
No futuro, por exemplo, se estiver numa padaria com o(a) filho(a), dê o
dinheiro a ele(a) e diga para fazer o pagamento quando chegarem ao caixa. Para
ele(a) será uma situação nova, mas muito rica para o seu desenvolvimento!
Outro exemplo: está atravessando a
rua com a criança? Delegue para ela a tarefa de falar quando podem atravessar em segurança. Se
ela errar, apenas aponte o veículo próximo e diga suavemente: “Podemos ir
mesmo, filho(a)? Olhe o carro ali.”
Dessa forma você estará permitindo
que a criança desenvolva responsabilidade, ao deixá-la interagir com o mundo.
Faça disso um exercício diário com a criança, e seja criativo!
Você observará como ela começará a
ser mais cuidadosa e responsável em diversas situações. Inclusive nas que você
não deu orientações prévias.
4 – Evitar resolver os conflitos da criança para ela
O conflito faz parte da vida.
Inevitavelmente nos depararemos com situações conflituosas ao vivermos.
Por isso, é importante deixar a
criança ser protagonista da resolução de seus conflitos ou confrontos.
Uma oportunidade de fazer isso é
quando a criança briga com algum amiguinho: quando ela chegar contando,
escute-a e ajude-a a entender como se sente em relação ao conflito.
Depois, a ajude a decidir o que quer
fazer, e não faça por ela. Permita que ela resolva.
Dessa forma, você estará permitindo
que ela aprenda a entender e resolver os próprios conflitos. E ser responsável
pelas situações ou problemas que ela participou do surgimento.
5 – Estabelecer uma rotina
A rotina é imprescindível para a
criança conseguir organizar-se.
A organização que a rotina
proporciona é tanto mental quanto social. Alguns pais e mães que chegam com
seus filhos para terapia em meu consultório, têm queixas de que os filhos estão
muito agitados, tem problemas para dormir ou acordar, ou que não vão bem na
escola.
O primeiro passo é estabelecer uma
rotina para a criança. Assim ela começa a internalizar regras e conveniências –
do tipo “tem hora e lugar para tudo”.
Para a criança, assimilar isso é
fundamental para desenvolver comportamento responsável.
6 – Reconhecer as tentativas da criança
A palavra responsabilidade é a união
de outras duas: Habilidade + Resposta. Ter responsabilidade é ter Habilidade de Resposta (do inglês: response + ability).
Isso quer dizer que para desenvolver
responsabilidade a criança deve ser capaz de “responder”. Nos referimos ao responder em sentido
amplo, não só responder com palavras oralmente. Ela deve saber, por exemplo, lidar com as
frustrações de não conseguir algo - ou seja, responder com habilidade às frustrações.
Por isso, é importante reconhecer as
tentativas da criança, seja ao fazer o dever de casa ou arrumar seus
brinquedos. Mesmo que ela não as realize de forma satisfatória, ela tentou! E isso que
importa nesse caso.
Se você reconhecer que ela tentou, e
não focar no erro dela, estará mostrando a importância de tentar. E, assim,
está dando a oportunidade para ela desenvolver habilidade de resposta. Ao se
restringir aos erros dela, ela irá ficar desmoralizada,
e provavelmente estará desanimada a tentar fazer certo novamente no futuro.
7 – Não usar rótulos e ensinar o valor do esforço
É comum que as pessoas elogiem as
crianças como inteligente, esperta, lindo(a), etc. Mas há um problema nesses tipos de elogios: se usados com frequência
para caracterizar as crianças, eles tornam-se rótulos.
É ótimo que tenhamos essa afeição com as crianças, elogiar é mostrar a afeição. Elas gostam desse carinho, e apreciam quando fazem algo certo e são reconhecidas.
Mas há algo prejudicial para o desenvolvimento delas nisso.
Quando rotulamos, a criança entende
aquilo como inabalavelmente dela. Portanto, se você a elogia como inteligente por tirar uma boa nota na prova e pára por aí, ela não entende a importância do esforço que foi
necessário para conseguir a nota boa.
Acaba acreditando que é inteligente e
se dará bem no futuro só por isso. Se é inteligente, assume a crença de isso já ser o suficiente para obter notas boas.
Não estou dizendo que não existe o
fator inteligência, pois evidentemente existe! No entanto, para a educação das
crianças, é importante ressaltar o que tem por trás de seus merecimentos.
No caso da nota boa, você pode
parabenizar a criança e elogiar o esforço dela para conseguir isso: “Muito bem,
você fez todos os deveres de casa e aprendeu tudo!” ou “Prestou atenção na
professora e agora sabe muita coisa!”.
Devemos sempre focar na jornada das
crianças! Assim elas assimilam os comportamentos envolvidos em suas vitórias, e
aprendem a ter responsabilidade para situações futuras.
8 – Permitir que a criança faça suas próprias escolhas
Responsabilidade está intrinsecamente
relacionada às escolhas que fazemos. Isto é, ser responsável significa fazer
escolhas conscientes e éticas.
Para ensinar a criança a ser
responsável por suas escolhas, ele deve conhecer as consequências dessas
escolhas. A melhor forma de ter consciência do que as consequências
representam, é viver estas consequências.
Mesmo nas situações mais sutis, é
muito proveitoso para o aprendizado da criança que ela viva as consequências de
suas escolhas.
Por exemplo, para crianças menores,
permita que ela escolha a própria roupa para sair de casa. Comece dando a ela duas opções para escolher. Dessa forma estará permitindo que ela pratique autonomia,
simplesmente dando a oportunidade de escolher.
Assim, ela terá que passar umas
horas com aquela roupa que ela mesma escolheu. Estará continuamente vivendo as
consequências de suas escolhas.
Outra opção é permitir que a criança
escolha o programa do final de semana para fazer junto com os pais. Ela viverá
as consequências de sua escolha e também estará reforçando os laços com seus
pais.
9 – Escutar e acolher as dificuldades
Adultos têm frequente tendência a não
dar a devida consideração às dificuldades e sofrimentos das crianças.
Temos que ter em mente que muito do
que as crianças vivem são experiências totalmente novas! Portanto, se um
coleguinha brigou com ela, por exemplo, não é proveitoso e educativo dizer: “não
fique assim, você vai fazer novos amigos”, ou “daqui a pouco vocês vão fazer as
pazes, não liga para isso”.
É preciso acolher e escutar as
experiências que a criança tem para expressar. Se ela quer contar o que aconteceu com ela, é
porque confia em você para ajudá-la a se sentir melhor. Não desconsidere esta
confiança, ela é essencial para a relação mãe/pai e filho(a) futura - incluindo a adolescência.
Mas o que isso tem a ver com
responsabilidade? Ao ser escutada por outra pessoa, a criança também se escuta.
Assim ela vai percebendo qual foi a responsabilidade dela na experiência ruim
que teve.
Dessa forma, ela vai aprendendo como vai agir e fazer em experiências posteriores. Ela aprende o que a fará se sentir melhor no futuro. E isso é ser responsável com si mesma, que tem um valor inestimável para a saúde mental.
10 – Dar o exemplo
Por último, uma dica que é conhecida
por muitos, porém praticada por poucos que vale a pena ser lembrada.
O aprendizado é em grande parte por
observação. O proeminente psicólogo canadense, Albert Bandura, realiza extensas
pesquisas científicas acerca do tema desde a década de 60.
O que a criança observa é fundamental
para o seu desenvolvimento social. Isto é, para as formas que ela vai se
comportar na sociedade.
Pelo fato dos pais serem as figuras
principais de afeto da criança, serão as principais referências que ela terá
para aprender por observação.
Por isso, dar o exemplo de
responsabilidade é ensinar a criança a ser também responsável.
Considerações Finais
Ninguém nasce responsável. A
responsabilidade é aprendida!
Tenha em mente que educar é um
contínuo. Isto quer dizer que não serão acontecimentos isolados que irão
ensinar responsabilidade às crianças. Na verdade, é todo o conjunto de
acontecimentos que irá a ensinar essa responsabilidade.
Todo acontecimento pode ser uma
oportunidade para isso, por mais simples que seja. Portanto, permaneça sensível aos acontecimentos,
para perceber as melhores oportunidades de educar uma criança para a
responsabilidade.
Tem alguma dúvida ou comentário?
Escreva para a gente na caixa de comentários abaixo ou entre em contato.
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