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Mostrando postagens de 2015

“Visualizado no WhatsApp” e a nossa relação com o outro.

Este texto é dedicado a todas as pessoas que já passaram por esta experiência de enviar uma mensagem no WhatsApp, contar com a resposta da pessoa, seja imediatamente ou não, e se desapontaram por não ter a expectativa correspondida. Vamos conversar sobre como essa situação mexe com a gente, e o que fazemos ao nos deparar com ela. Afinal de contas, o que o outro faz não é responsabilidade nossa. Bem como depositar a responsabilidade da nossa felicidade e bem-estar nele é bastante arriscado e impõe limites para o desenvolvimento pessoal saudável. Então vamos trazer a responsabilidade de como nos sentimos nessa situação e possibilidades de ação priorizando nós mesmos! Parece muito simples, mas pode ser um exercício muito trabalhoso, pois assumir responsabilidade traz várias implicações e exige ampla e constante consciência. Então, estou aqui evidenciando a essência fundamento da situação no WhatsApp, que também pode ser essência de diversas outras relações sociais (ou não) das no

“O velho e o mar”, de Ernest Hemingway – uma obra sobre a existência humana

O objetivo do blog Janela Interna é trazer temas relativos à psicologia numa linguagem acessível, buscando difundir essa profissão e desconstruir alguns mitos relativos à mesma. Acima de tudo, estamos aqui para falar sobre o ser humano, sobre pessoas, e acreditamos que temas como arte, política, cotidiano e cultura podem e devem estar presentes nos nossos textos. Hoje escolhi falar sobre o livro “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway. Desde que li venho querendo escrever alguma coisa, e acredito que esta é uma ótima oportunidade de trazer o livro para o nosso contexto aqui. Meu objetivo não é fazer uma resenha e nem uma crítica literária, apenas falar do meu ponto de vista pessoal sobre o livro, e o modo como compreendi a mensagem que ele transmite sobre o ser humano. Pra tal, obviamente recomendo que todos leiam o livro, mas como imagino que a maioria não o fará, encontrei uma animação no YouTube maravilhosa, em aquarela, que resume muito bem a história. O vídeo tem duração de 20

Vamos conversar sobre a psicoterapia infantil?

Para qualquer pessoa que me procura para começar um processo psicoterapêutico eu pergunto se já fez psicoterapia ou análise em algum momento da vida. A resposta mais frequente é “não”, mas não é sobre isso que quero conversar com vocês. Alguns dizem que “sim”, que já haviam buscado na fase adulta. Com a exceção de uma vez, um cliente meu, adolescente, respondeu que já havia feito psicoterapia quando era criança. Nessa oportunidade uma fala dele que me marcou bastante foi: “eu fiz quando criança, mas eu só ficava brincando” complementado por “aí minha mãe acabou me tirando por eu só ficava brincando com a psicóloga”. Só ficava brincando! Pergunto-me o que a mãe dele esperava. Se por algum acaso queria que a psicóloga sentasse adultamente para dialogar e provocar reflexões maduras em uma criança de seis anos. Além disso, o brincar tem papel essencial no desenvolvimento de qualquer criança. Dentre as possibilidades de intervenção na psicoterapia com a criança, o brincar é uma esc

Polaridade

Todos nós já experimentamos, em algum momento, um dilema interno. Alguns dos mais comuns são: razão X emoção, querer X dever, eu X o outro, quem eu sou X quem eu queria ser. Além disso, existem também aqueles conflitos gerados por características internas opostas que possuímos, mas que não acreditamos poderem coexistir, em função de suas naturezas contraditórias. Por exemplo, posso possuir a característica do altruísmo, mas também a sua polaridade , o egoísmo. Nessas situações, é como se sentíssemos que nossas forças internas estão agindo em sentidos opostos. Normalmente, tendemos a pensar que temos que escolher entre um e outro. O clássico conflito razão X emoção é um excelente exemplo que pode surgir em momentos de decisão, e que geralmente acaba nos levando a uma interminável disputa interna. O mesmo acontece com a nossa realidade interior, uma vez que possuímos tanto características aceitáveis quanto inaceitáveis, de acordo com a norma socialmente difundida e, nesses casos, ac

Passar por terapia é fácil?

Sabe aquela expressão “Sangue, suor e lágrimas”? Existe uma convergência interessante entre a ideia a que ela remete e um aspecto particular da psicoterapia. A metáfora que ela representa, diz respeito a um momento cronológico particular da pessoa em processo terapêutico. De forma generalizada, mas não fundamental, as pessoas que procuram pela psicoterapia aspiram por mudança. Essa mudança relaciona-se às experiências de vida desta pessoa, que de alguma forma não se fazem satisfatórias nos relacionamentos interpessoais ou no convívio consigo mesmo, e em tantos casos levam a um enorme sofrimento. Ao buscar na psicoterapia o alívio e soluções para os tormentos cotidianos, várias pessoas se deparam com um fenômeno interessante. As dores, sofrimentos e/ou tormentos que a pessoa vive aparentemente aumentam e imperam na vida (e em particular durante a sessão de psicoterapia). Na verdade, esses sofrimentos não aumentam, o que amplia-se é a CONSCIÊNCIA  da pessoa em relação à sua hist

O que é a Gestalt-terapia?

Muitos dos textos escritos aqui no blog utilizam terminologias que podem, inicialmente, parecer estranhas ao senso comum, mas que têm uma razão para serem utilizadas e que vieram de uma abordagem psicológica chamada Gestalt-terapia. Ainda que a intenção do blog seja elucidar temas da psicologia de forma geral, sem estarem necessariamente ligados a uma abordagem específica, como os autores do blog são adeptos desta abordagem, algumas vezes é impossível não utilizar essas terminologias, uma vez que a nossa visão de mundo já perpassa pelos postulados da Gestalt-terapia.  Além disso, a Gestalt-terapia não é apenas uma abordagem psicológica, mas também uma filosofia de vida, uma vez que defende formas autênticas de se estar em relação, sem joguinhos e manipulações. Por este motivo, achei importante escrever hoje sobre o que é a Gestalt-terapia e suas principais diferenças em relação às abordagens mais difundidas. Inicialmente, faz-se necessário explicar o termo.  A palavra Gestalt ve

Falar sobre passado, presente ou futuro na psicoterapia?

Para todas as pessoas que me procuram para atendimento psicoterapêutico, converso logo na primeira sessão sobre o que se trata a psicoterapia e o que ofereço com o meu trabalho. Nessa primeira conversa ressalto que o cliente escolhe sobre o que quer falar, que pode tratar sobre qualquer assunto ou tema que assim desejar. Eu estou lá para receber a escolha do cliente e deste ponto partir. É assim para cada nova sessão psicoterapêutica. Portanto, a escolha de falar sobre passado, presente ou futuro cabe ao cliente, mas qualquer uma dessas três escolhas culminará para o aqui-e-agora . A importância do aqui-e-agora Como psicólogo em qualquer prática que assumo, seja na psicoterapia ou não, me oriento pelo aqui-e-agora . O aqui-e-agora é um conceito utilizado na abordagem Gestalt-terapia (PERLS, 1977), o qual considera o que acontece no momento presente vivido! Mas nem por isso desconsidera o passado e as possibilidades futuras. O passado já se foi, portanto não existe mais, no ent

Auto-suporte

O assunto de hoje é auto-suporte (ou auto-apoio). Escolhi este tema devido a uma reflexão pessoal à qual a prática clínica tem constantemente me levado nos últimos anos. Não sei se é um sintoma da nossa sociedade contemporânea, mas tenho visto com muita frequência uma dificuldade geral das pessoas em suportar-se a si mesma (o pleonasmo é intencional), e tendendo a buscar apoio externamente; no meio, ou no outro. E neste contexto, a palavra suporte refere-se desde o aspecto emocional – buscar desfazer-se da dependência emocional do outro – até aspectos objetivos – mobilizar a energia necessária para correr atrás de seus objetivos de vida por conta própria. Tenho visto, a cada dia, as pessoas buscando apoio no outro de forma exagerada, de modo a delegar ao outro a responsabilidade de fornecer as ferramentas necessárias para seu crescimento. Isso acontece, principalmente, devido ao modo como lidamos com nossas frustrações. Um exemplo comum, utilizado por Perls (1977), refere-se a um

Dependência à psicoterapia acontece ou é mito?

Para começar com uma amostra de como a dependência ocorre, começo dizendo já: não responderei a pergunta, você deverá tirar suas próprias conclusões. Mas para o leitor atento ficará claro o meu posicionamento a respeito do tema. Por que não responderei? Primeiramente por motivação de estar alinhado à proposta da psicoterapia. (Para quem quer saber melhor sobre o que se trata a psicoterapia, leia a primeira publicação do Blog Janela Interna, pela Raíssa Dias, clicando aqui ). O psicoterapeuta não se propõe a responder objetivamente aos dramas e percalços existenciais dos seus clientes, mas sim, prover um espaço para que o cliente resolva seus próprios dilemas. Caminham de mãos dadas, mas o profissional não diz à pessoa qual caminho seguir. Os psicólogos e psicólogas que assumem essa postura possibilitam à pessoa apropriar-se de sua existência. Grosso modo, refiro-me à existência como plenitude humana de escolhas que culminam para as formas de viver. Tais escolhas ocorrem das maneir

O que é a psicoterapia e qual a diferença entre ir ao psicólogo e conversar com um amigo?

Creio que esta seja uma pergunta que nunca fica ultrapassada. Eu mesma me recordo, quando estava no Ensino Médio, antes de decidir cursar Psicologia, de ter me perguntado isso algumas vezes. “Pra quê procurar um psicólogo se posso compartilhar minhas angústias com meus amigos?” E mesmo hoje, quase 10 anos depois, tenho visto muitas pessoas fazendo esta pergunta. Então, vamos conversar um pouco sobre o que é a psicoterapia e quais as principais diferenças entre ir ao(à)  psicólogo(a) e conversar com um amigo. Primeiramente, a principal e mais óbvia diferença, mas da qual não podemos nos esquecer, é que o psicólogo estudou no mínimo 5 anos para aprender a fazer o seu trabalho. Isto significa que estamos falando de profissionais que possuem uma orientação teórica , desenvolvida por estudiosos mundialmente conhecidos, e constantemente aperfeiçoada por pesquisadores até os dias de hoje. Existem várias orientações teóricas - ou abordagens psicológicas - sendo que as mais conhecidas s