Para todas as pessoas
que me procuram para atendimento psicoterapêutico, converso logo na primeira
sessão sobre o que se trata a psicoterapia e o que ofereço com o meu trabalho. Nessa
primeira conversa ressalto que o cliente escolhe sobre o que quer falar, que
pode tratar sobre qualquer assunto ou tema que assim desejar. Eu estou lá para
receber a escolha do cliente e deste ponto partir. É assim para cada nova
sessão psicoterapêutica. Portanto, a escolha de falar sobre passado, presente
ou futuro cabe ao cliente, mas qualquer uma dessas três escolhas culminará para
o aqui-e-agora.
A
importância do aqui-e-agora
Como psicólogo em qualquer
prática que assumo, seja na psicoterapia ou não, me oriento pelo aqui-e-agora. O aqui-e-agora é um
conceito utilizado na abordagem Gestalt-terapia (PERLS, 1977), o
qual considera o que acontece no momento presente vivido! Mas nem por isso
desconsidera o passado e as possibilidades futuras. O passado já se foi,
portanto não existe mais, no entanto, ele culmina para a forma de ser no
presente. Não se altera o passado, mas se altera a configuração dele no
presente, pois tudo que já passou se expressa pela memória, e esta memória ocorre
no presente, e provoca repercussões, emocionais, racionais e fisiológicas no
momento presente. É o que denomina-se presentificação da experiência.
E o futuro? O futuro
enquanto projetado por nós, interfere em nossa forma de viver também no agora.
É extremamente frequente relatos de clientes que privilegiam uma experiência
que ainda não aconteceu, e se esquecem do que tem para viver no presente. Por
exemplo, quando se vai para um evento social, uma festa ou uma reunião, e
cria-se a ideia e os papéis os quais deve-se desempenhar ao conhecer pessoas
novas, como se existisse uma instrução muito rígida e imutável de como conhecer
pessoas novas, e não há abertura para o que ocorre no aqui-e-agora da relação.
A
tomada de consciência do aqui-e-agora
Quando a pessoa
considera a importância do aqui-e-agora e toma consciência dele, novas possibilidades
de se comportar são reveladas. Com meus clientes uso desse recurso com
frequência, de modo a provocar esta consciência durante nosso diálogo, e isto
pode ser feito de diversas formas. Ressalto o aqui-e-agora da psicoterapia,
pois considero o postulado que a relação psicoterapêutica é um microcosmo
social, assim como descreve o psicoterapeuta Irving Yalom (2006). O
microcosmo admite que as relações interpessoais da pessoa se manifestarão na própria
relação interpessoal com o terapeuta. Portanto, se a pessoa se torna cônscia do
aqui-e-agora com o psicólogo, ela é possibilitada de transmitir isso para suas
relações interpessoais fora da psicoterapia. Dessa forma, ela assume controle e
responsabilidade de sua forma de viver, ampliando possibilidades de existência.
Este processo é extremamente importante, pois, grande parcela das queixas dos
clientes ressoa em problemas ou dificuldades nas relações interpessoais.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
PERLS, F. Quatro Palestras. In: FAGAN, J; SHEPHERD, I. L. (Org.). Gestalt-terapia: Teoria, Técnicas e
Aplicações. Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1977, pp. 27-60.
YALOM, I. D. Os Desafios da Terapia: Reflexões Para
Pacientes e Terapeutas. Ediouro Publicações S.A, 2006.
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